sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Uma Luta Particular

O pior de tudo é quando se tem vontade de escrever sobre tudo e os assuntos vão se misturando como as pessoas numa estação de trem e tudo ganha um contorno tão disforme que não pode ser descrito nem apresentado de forma concisa, coerente. Nem pede pontos ou vírgulas ou formulas ou números ou contas, só quer aparecer como uma epifania no dia a dia cego da correria doida da humanidade, uma veleidade, mesmo textual, de imagética confusa, sinistra, esguia, escorregadia, que não tem platôs, nem plataformas, nem nós, é fluida como um rio de gelo pintado em preto e branco. Parada um, a ciência, as justificativas, as causas e efeitos e seus defeitos, a despretensão, igualmente sinistra e ministra de um biótipo irresponsável e acrítico, ou acrópole, ou anacrônico, antagônico. Ou anarquista e reacionário. Parada dois, passo direto. Parada três, sem trens.


Todos os dias alguém repete por ai: e-pis-te-mo-lo-gi-a, de episteme, essência, e aquela camisa marcada pelo pó de trabalhador braçal, operário de genética, de arquetipa, de tramóia, de inocência, com seu suor de liberdade no jantar a sós com a família na frente da T.V. me faz pensar nisso, na palavra, no conceito, no desconceito.

Parada quatro: têm maluco descendo de tudo que pode ter um meio e um fim, querendo destruir a marra as fronteiras, lê as letras daquele pó de obrão com a mesma lente que encara as Pink leters das menininhas da facu. Tudo normal, tudo realidade. Protágoras e a maldita relatividade. Técnico de biopetróleo cozinhando em fogão a lenha.

Será que eu estou demasiadamente preocupado com a despreocupação dos outros? Ou com a preocupação? Ou com a ocupação? Macacos pulando de galhos cada vez mais altos com suas asas de pavão... Eis a visão do inferno, eu sou o outro, o outro sou eu, Dawkins, Deus, gigantes, coca-colas, judeus, trens, pedras, farpas, Sakineh, violões de aço, de sete cordas, unhas grandes, jaquetas jeans, camisas pólo, camisetas, colares, cabelos coloridos, dentes, sorrisos, fronteiras, interiores, poemas, papeis, escores, preconceitos, pilares, paradoxos,maratonas,crucifixos,anarquia,loucura,esquizofrenia,capitalismo,cartografias,paralaxes, para brisas, mãos limpas,amontoados de coisas que perturbam a razão de qualquer irracionalista.

A anarquia itinerante anda de carro privado com o dinheiro roubado da mãe, que desvia da pequena e pseudo-filantropica instituição de fome e prostituição infantil.

Quero uma voz mais clara. O galã quer uma estética para sua música comercial,anatômica.

O mundo é feliz dançando com o diabo.

Parece que alguém tem de se certificar e assegurar que a lona do circo não irá cair.

Só assim eu garanto a minha vaga de palhaço nômade que se “desterritorializando, territorializa-se”...