quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Uma autoanálise...

Dois lados de uma mesmíssima moeda


Numa cidadezinha ao norte da Pensilvânia...
Eram duas pessoas.
E era uma só.
Acordava cedo com sono, dormia tarde, universitário, subproletario, micro empreendedor, equilibrista orçamentário.
Solicito
Atento
Arguto
Rebento que arrebenta.


Acordava tarde, ou não acordava, sua vida era um sonho intangível, de um realismo mágico a La Gabo nos seus dias altos de Cem Anos de Solidão. “bicho solto, cão sem dono, menino perdido” entre estrelas peitudas habitantes das águas de Netuno: O cabra era ligeiro, gatilho pronto, poeta de letras miúdas
Amável
Amante
Deliciosamente indolente.
Deus de seu tempo.


Negociava empréstimo sobre empréstimo, sofria. Alíquotas, cotações, climatempos...
Naus de idéias capitais...
Era cético de saldo negativo
Nietzsche de aluguel.
Vivia perambulando entre um desejo sádico de dar um golpe de estado no patrão
De libertar-se enquanto escravo
E de escravizar enquanto Tirano
Era vil, covil, insanamente racional
RezaDor.


Sorria como um Sol.Iluminava.Espraiava sua indolência para alem da impressão grosseira da preguiça.
Servo de si, tinha o gozo por limite.
Mas sempre gozava depois
Bebia um vinho acolhedor
“Acolhegria”
Com os braços estendidos qualquer amigo estranho que passasse
Passava...
Como o passarinho.

Discutia ferrenho ao telefone:
-Demônio de empregada
Suas roupas estavam sempre velhas, esfarrapadas, sapatos novos, cara nova
Nova privada.
No almoço A LA Minuta padrão
De cabeceira
Os sonhos deixava na rua
Para não atrapalhar a razão
Nem o apetite
Do estúpido patrão


Viajava mil vezes de dentro de sua rede
Estendida
Como nuvem num cenário pitoresco
Hercúleo
Belo
Com o martelo da paciência, talhava
Sua Majestade
Sua fé
Sua liberdade
Brilhante


Um dia, num retorno para casa no transito cruzado,
Engarrafado
Lento
Cruzaram-se.
Irremediáveis
Os dois formaram um
Os dois formaram uma moeda
De “grana”
De “fonte de desejos”
De agonia.


Era um embolamento, embolia
Patrão filho-da-puta, corno de cá,
Dinâmico e objetivo, de lá
Na rua, os pássaros
Na rede, o tempo
No escritório, a guerra


Na sinaleira, aquele mendigo fétido e sorridente estranhara os “cinqüenta paus”,
Um se retorcia nos fundilhos batidos de uma calça cortada por estilista de Nome,
Outro se ria daquela fome
Era um enrosco
Lindo e tosco


Enquanto um “retroaviso” corria na mente focada do destemido
O outro corria com as crianças nas ruas
O inferno dos relatórios atrasados
Tanta guerra por trocados
“ao vencedor as batatas”
Bem no peito, arritmia
Bem no coração um amor
Pra Maria


Piranha
Puta
Podre
Linda
Leve
Nobre


Nem penso em tocar naquela sujeira
Quero me lambuzar, fazer besteira
Era sempre um embolamento
Uma discussão
Ou era o Chico, ou o Chicão...

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Impressões a cerca de um tal “Edsozinho”

Tem dias que esse rato não consegue entender direito porque o seu paraíso não é bem um bueiro fétido próximo aos centros urbanos.


Tem dias que esse rato é “Um rato e no más, e é feliz”.


Tem dias que esse rato é absolutamente inovador na arte de fazer besteira, acreditando que aquele sexo drogas e “rock “n” Raul” da adolescência efervescente cai bem aos trinta...


Tem dias que a solidão é um fardo


E que uma frase é um dardo direto no peito


Flama na consciência


Ciência sem sono.


Tem dias que esse rato molhado escorrega mesmo entre as mãos do abandono


Não se sabe por que, mas esse rato acredita que você também pode sentir tudo isso sem pintar uma lagrimazinha com lápis de maquiagem no rosto...


Tem dias que o Brown acerta em cheio!


E o Chico é só mais uma aguinha de março...


Tem dias que ser rato é um ranço


Tem aqueles dias em que ele bate no peito, canta o hino nacional em voz alta, é tropical, tropicalista, tropicaliente...


Um machadiano convicto sem lenço, documento ou fogão a lenha


Que tem certeza que não é erudito


Que tem certeza que odeia gritos


Que tem certeza que é só uma questão de vaidade


De maldade


De desespero


De perdição


De falta de tempero


Todos os “bolos” do mundo ainda não cansaram esse rato: ele bota fé que a coisa toda vai rodar um dia: Máquina mundi, modus operandi, carpe diem, abraços de verdade na terra dos desbraçados.


Bueiros de rosas purpúreas, frondosas


Casas com cheiro de madeira seca...


Sol a pino, pele trigueira, faceira, paradoxal...


Verdades atestadas em livros: gibis de vidas...


Roídas.


Becos sem saída com alamedas direto para as saídas...


De emergência.


“Knocking on heavens door” a la Bob Dylan.


Um dia esse rato ainda vai encontrar a Lama, linda, paciente, sexy,perigosa


Um dia esse rato será “trans”: transcendental.


Desde a ponta do dardo até a ponta do peito


Desde a procissão até o leito


Desde o medo até o pleito


Desde o sono até o cesto


Da bossa ao samba


Da preservação das tripas, dos pandas


Um dia esse rato será


Solamente um KKKKK KKKKK KKKKK


Pulsante.


Lindo.  Humano.  Singular. Irretocável...


Como você.