terça-feira, 12 de outubro de 2010

Genética e Comportamento

Neste semestre encaro um desafio particular: abandonar a minha visão filosófica sobre a genética e o comportamento humano e engolir (a seco, diga-se de passagem) essa história de influencia fundamental da genética no comportamento. Abandonar porque sempre me inquieta o silêncio do resto da turma quando a professora (gente boa, quase-institucionalizada, vassoura-nova e solicita) insiste (com a ementa debaixo dos braços) em fazer essa abordagem determinista da genética no comportamento e penso coisas tipo: todo mundo concorda com isso? Por que é que isso me inquieta tanto? Será culpa do Huxley, que me faz pensar num tipo de manipulação em série e em tantas outras besteiras análogas aos filmes de ficção cientifica tipo Matrix? Será mesmo que poderão, os falsos profetas, extinguir com a violência da face da terra (porque, de acordo com o determinismo genético, basta isolar alguns genes, ativar outros e Puf!!! o Golias vira David, e o século XXII será marcado pelo amor, pela fartura alimentar, pela paz e pela benevolência humana tão contraria aos nossos instintos facínoras defendidos pela psicanálise com unhas e dentes) Será mesmo que os genes carregam tanto poder? Será que a inclusão do fenótipo não é simplesmente uma incógnita despretensiosamente agrupada nesta equação para dar margem aos infinitos casos onde a ciência e a razão capengam? É realmente difícil ser um bom aluno e honrar as aspirações da minha amada mãe...

Tudo parece tão equivocado para mim. Por exemplo: se tal gene implica em tal comportamento em determinado individuo, deveria, a posteriori, implicar em tal comportamento, de modo linear, em todos os indivíduos, ou membros daquela espécie. Entretanto, quando argumento neste sentido, a crítica usa o subterfúgio do ambiente. Tal postura implica num paradoxo indissolúvel, pois, assim, é cientifico dizer que o gene X faz com que o mano da favela seja muito, mas muito violento; E, também será cientifico e irrefutável que o mesmo gene, habitante de um outro mano da favela(irmão daquele mano) seja extremamente dócil e altruísta.Crossing-over? Não...Fenótipo? Sim. Tudo lógico e coerente como os métodos empíricos aspiram, alias, determinam...

Um colega, com quem converso sobre temas diversos, disse que era até estranho que Eu esperasse e exigisse tanta inflexibilidade de lógica nesta analise, que deveria, como estudante com tendências à psicanálise, aceitar de bom grado essas mudanças,esses relativismos... que não há,aí, nenhum mal...E de, de fato, não haveria...se isso não significa-se colocar na mão das ciências( e de seus discípulos submissos) um trunfo para diagnósticos infundados, para analises equivocadas, para interpretações fajutas, para vigarice.

Há grande maioria dos meus questionamentos, a resposta é sempre a mesma: “os cientistas ainda estão investigando os genes específicos de tal comportamento”, “já há estudos nesta área que comprovam tal comportamento”, “tem muita coisa sendo divulgada agora que esclarece tais questões”. São respostas evasivas. Será que isso compete ao que se pretende científico?

Deixo claro que não questiono a competência do mestre, afinal, ele cumpre com um “programa” especifico. Questiono-me sobre esta necessidade da universidade de dispor de coisas tão nebulosas no currículo, sobre esta pressa em associar coisas ainda dispares. Será isso resultante de pressão política que visa prêmios e estrelas nas avaliações institucionais?

Tudo isso faz com que eu esqueça tudo que é deveras importante quanto às aulas de genética.

Enquanto isso, o resto do mundo continua mudo...

Consentindo com a cabeça a saberes esfarrapados e aprendendo “gatos-por-lebres”...

Depois acontecem coisas tipo: um amigo rompeu o tendão, foi ao medico, este “olhou” e disse que era só um “mal jeito” e tacou lá uns remédios para “dô”...dias depois, ele tem de ir ao hospital com urgência porque o tendão estava rompido e a sua perna da largura do tórax... Outro tomou antigripais durante um ano até outro medico curioso descobrir que era alergia... Outro que foi operar o joelho esquerdo e operaram o direito...exemplos ad infinitum!!!

Sabe lá que tipos de intervenção poderão fazer os Psi tão acostumados a essas incoerências e associações mal fundamentadas.

Salve Deus a minha loucura dessa gente.

È por isso que vou até um geneticista comprar um mapa, ainda que falsificado, dos meus genes, afirmando que todos os meus comportamentos são, e sempre serão, aqui ou em Marte, visivelmente lúcidos... ainda que sejam “vistos no escuro”.



PS- Para evitar confusões interpretativas, afirmo: a genética é uma ciência absoluta.Mas o comportamento não é.Logo, quando se associa algo inquestionável com o Caos, só podemos ter o Caos, porque o Caos é o mais forte do irmãos...
PS2- Pensando bem, benditas sejam as confusões!


2 comentários:

Bruna disse...

Colega!!

Eu não sei como você descobre, mas o seu comentário lá no meu blog simplesmente foi o trecho de uma das minhas músicas preferidas do Baleiro!!! Juro pelo Dr. Freud!

"Não quero medir a altura do tombo
Nem passar agosto esperando setembro (se bem me lembro)
O melhor futuro
Este hoje, escuro
O maior desejo da boca
É o beijo
Eu nao quero ter o tejo
Me escorrendo das mãos..."

Essa música é demais!!

Agora uma outra questão: O comportamento é uma herança multifatorial, ou seja, há uma influência da genética, mas o ambiente será o principal influcenciador. Se Einstein tivesse sido abandonado no meio do mato e crescido feito o Mogli, ele certamente não teria criado qualquer teoria de Relatividade nenhuma. O ambiente modula as conexões entre nossos neurônios (neuroplasticidade) e nossas sinapses irão se consolidar de acordo com o uso (* o que não é usado, atrofia hehe).

De resto, fora a biofísica e a neurobiologia my dear, sobra a alma..no eterno dualismo Cartesiano...e no eterno conflito Pessoniano.

Poeira de Estrelas...

Um abração!!!

edson Leal disse...

Bruna,
Nossa conversa na Uni deu continuidade ao impasse e isso é ótimo...é bom ter com quem discutir aquilo que, ao resto do mundo, salta aos olhos com cores de obviedade.
Continuamos.
Abração, amiga.