quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Admirável Rumo Novo... (só não vai quem já viveu)

Eis o nome do meu bloco.
Um bloco criado para aqueles que ainda não viveram tudo que há para viver e, por isso, vivem um tanto inquietos, inconformados, descontentes com realidades imutáveis.
Diferentemente daqueles que vivem sentados em altares de sabedoria, o meu bloco é feito para aprendizes, para aquele tipo de pessoa que, mesmo estando maravilhada com certas novidades do mundo, ainda conseguem perscrutar, a partir de alguns vapores que escapam ao divino, o brilhantismo e exuberância do futuro de quem se dá ao luxo da “errância”.
Meu bloco é para os "excluídos"; não cabe nele gente feliz demais, tampouco gente demasiadamente sucedida, e ainda que eu quisesse que coubesse, também não podem entrar famílias absolutamente estruturadas, que beiram a perfeição (daquele tipo cujos filhos herdam o nome e a profissão dos pais para serem tão íntimos que não precisam nem se cumprimentar pela manhã) porque vejo nelas uma grande armadilha; não pode, também, gente bonita por fora, a menos que estejamos certos, eu e o resto do mundo, que é ainda mais linda por dentro; fato raro, pessoas bonitas e delicadas que até parece que são feias, raríssimo.
Embora pareça um radicalismo, eu lamento informar: aqueles que ocupam os mesmos lugares desde o principio não podem entrar; alias, até podem, se não forem alérgicas a liberdade, afinal, estagnação é um mal para o qual ainda não se tem antídotos nem homeopatias.

Gente sem sucesso, sem grandes posses, sem popularidade, tem um lugar cativo no meu bloco. “People are strange” será um dos nossos hinos, e o nosso ritmo será o ritmo dos nossos novos rumos. Aqueles que choram, caem, navegam, gozam; ficam bêbados e dão escândalos de vez em quando; choram por um amor ido, aqueles que sonham em chegar a algum lugar algum dia, aqueles que ainda se compadecem com aquelas coisas sujas e fedorentas que ficam amontoadas embaixo dos viadutos das cidades, que eu costumo chamar de ser humano; pessoas que passam domingos sozinhas, feriados trabalhando,anos-a-fio-na-posição-de-combatente-ainda-que-sem-sucesso; pessoas que sorriem para estranhos, que conversam com estranhos, pessoas que sentam ao lado de gente estranha e estranhas ficam, enfim, todos puxam meu bloco.
Se o leitor ainda tem paciência para mais uma regra, acresço: pessoas que gostam de crianças.Essas,sim,são praticamente donas do bloco.
Pessoas sérias, sisudas, autoritárias, fálicas, nem pensar, porque reservamos o lugar delas para as pessoas que gostam de animais, da grama, da natureza, arvores, pássaros, beleza do mundo,até porque acredito que elas iam achar um tédio absurdo essa coisa de valorizar verdadeiramente(isto é, valorizar para além do discurso bonito e vazio) os pequenos grandes momentos da vida.
Quem não gosta de ir para outras paragens, de habitar outros territórios, de alguns mosquitos e grama úmida, de se reinventar; Bem, com relação a estes, é melhor nem quererem entrar, afinal, podem ter reações adversas.
Fato é que tô com bloco novo na praça; e agora, penso que tô no meu caminho...ao lado del camino.

3 comentários:

wagnerpfutze disse...

Fiquei um pouco confuso durante a leitura, não consegui saber se posso ou não entrar no seu bloco...ehehe
Você vai ter que avaliar cada pessoa q quizr entrar, pq se deixar por elas, elas vão dizer que tm as características necessárias para a inclusão.

O Aprendiz disse...

também não sei se posso ou não entrar no bloco, meu caro amigo, mas prefiro apostar no que não conheço do que em tudo o que já se sabe... então, ao novo rumo!

Anônimo disse...

Bons textos amigo.
a cada instante revigora esse teu olhar analítico.
já tens a falta de pureza que faz os muros desabarem, por outro lado há uma inocência caipira, que por muitas vezes pode ser a solução para essa equação que muitos chamam de vida.

Abraço
Verter